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Artigo - "O conceito da Relação Direta na geração de valor a Clientes"

por ADRIANO LUNARDON

Por que algumas empresas conseguem gerar mais valor e lucratividade a seus clientes, funcionários e acionistas e são extraordinariamente melhores que outras no mesmo segmento?

A resposta poderá estar na possibilidade de que empresas do setor de serviços, intuitivamente ou deliberadamente, estejam aplicando o modelo da “Relação Direta” ou “Cadeia Serviços-Lucro”, criado pelos professores Heskett, Sasser e Schiesinger da Harvard Business School.

Suas idéias propõem a existência de “relações diretas” e “intensas” entre lucro, crescimento, fidelidade dos clientes e sua satisfação, valor dos bens e serviços a eles oferecidos, com a capacidade, satisfação, fidelidade e produtividade dos funcionários.

A CADEIA DE SERVIÇOS-LUCRO

A “Relação Direta” parte da premissa de que clientes não compram produtos ou serviços. Compram resultados ou expectativa de benefícios.

Sua importância para o setor de serviços, que vende, essencialmente, bens intangíveis ou expectativa de um resultado futuro, é enorme.

Segundo os professores de Harvard, o resultado de uma relação comercial é composto pelo serviço adquirido, pela qualidade dos processos para oferta dos resultados e, inclusive, pela atitude de quem esta em contato direto com os clientes, no caso, vendedores.

O valor dos serviços prestados para os clientes acarreta satisfação e fidelidade. E valor, segundo o modelo, é produzido basicamente por meio de funcionários da linha de frente, que estejam satisfeitos, sejam fiéis e produtivos – características que devem, em parte, à sua capacidade de apresentar resultados aos clientes.

A combinação de resultados satisfatórios mais a atitude dos que estão em contato direto com os clientes é o que chamamos de “Cadeia Serviços-Lucro”.

FIDELIDADE DO CLIENTE VS SATISFAÇÃO DOS CLIENTES


A pesquisa conduzida pelos mesmos professores fornece resultados surpreendentes. Tendo setores como telefonia móvel, hospitais, empresas aéreas e revendedoras de automóveis, como base da pesquisa, há a clara indicação de que não há uma relação constante entre satisfação dos clientes e sua fidelidade.

Eles identificaram quatro categorias de clientes, em função da sua relação FIDELIDADE/SATISFAÇÃO:

CLIENTES APÓSTOLOS
Além de fiéis à empresa, ainda recomendam seus serviços, realizando a divulgação “boca-a-boca”

CLIENTES MERCENÁRIOS
Embora satisfeitos com a empresa, eles não considerados fiéis, e podem facilmente mudar de fornecedor em função de preços ou promoções mais atraentes.

CLIENTES REFÉNS
São aqueles que se mantêm fiéis apesar de insatisfeitos. Sua fidelidade é resultado de falta de alternativas no mercado ou da percepção de custos de mudança elevados.

CLIENTES TERRORISTAS
São aqueles que não voltam a comprar da empresa, e ainda por cima, realizam a comunicação desfavorável, procurando afastar potenciais clientes.

As empresas costumam achar razoável possuir Clientes Satisfeitos (aqueles que numa escala de 1 a 5, lhes atribuem nota 4), pelos seus produtos ou serviços. No entanto o foco das empresas deveria ser deslocado para os clientes que lhe atribuem nota de 1 a 4 (Plenamente Insatisfeitos e Insatisfeitos).

O esforço para migrar Clientes na escala de satisfação ajuda a reduzir a comunicação desfavorável que enfraquece os esforços de posicionamento da empresa.

EMPRESAS TAMBÉM ESCOLHEM SEUS CLIENTES

Empresas que não segmentam seus mercados e não identificam seu público-alvo sofrem na obtenção da satisfação de seus clientes. Tentam agradar a todos, gerando demasiados Clientes Satisfeitos (notas 3 e 4) e muito poucos Clientes Apóstolos (nota 5).

Na teoria da “Relação Direta” devemos ter mais recursos para os melhores clientes e menos recursos para os piores clientes. Uma boa segmentação evita o erro de investir recursos de maneira parecida para todos os clientes.

A EQUAÇÃO DE VALOR PARA O CLIENTE

Valor para os clientes é a relação entre resultados esperados mais a qualidade dos processos de entrega sobre o preço atribuído ao serviço.

Mas o que nos interessa aqui são as cinco dimensões universais que na ótica do cliente, tangibiliza valor:

O prestador de serviços fez o que foi prometido? (CONFIABILIDADE)
O serviço foi feito no prazo e no momento oportuno? (RESPONSABILIDADE)
O prestador do serviço transmitiu uma sensação de confiança ao cliente durante o processo de prestação de serviços? (AUTORIDADE)
O prestador do serviço foi capaz de assumir o ponto de vista do cliente? (FOCO DO CLIENTE)
O prestador do serviço apresentou evidências de que o serviço foi efetivamente realizado? (EVIDÊNCIAS TANGÍVEIS)

Comece a praticar as dimensões acima e sua empresa terá menos dificuldades de vender serviços, pois Valor virá antes de Preço.

RETENÇÃO, VENDAS RELACIONADAS E REFERÊNCIAS

O Valor de um Cliente para qualquer empresa está diretamente associado a três fatores:

Capacidade de reter o Cliente
Relacionamento contínuo, permanente, relações duradouras. Esse fluxo da receita vai se tornando cada vez mais rentável, à medida que fica mais fácil atender clientes existentes, com menos esforços de marketing, com vistas à familiarização.

Capacidade de realizar Vendas Relacionadas para ele
A grande tendência é a verticalização para venda de novos serviços. É mais barato e rentável vender novos serviços aos já clientes do que o esforço para atrair ou aumentar a base de clientes. A venda para quem já nos conhece e teve uma boa satisfação de sua expectativa, ocupa menos tempo e é mais lucrativa.

Capacidade de aproveitamento das referências fornecidas
O maior impacto sobre o lucro, exercido pelos esforços de retenção dos clientes e de desenvolvimento da venda de novos serviços, decorre das referências positivas fornecidas por estes aos clientes potenciais.


Para saber mais:

O Lucro da prestação de Serviços, Sasser, Schlesinger, 2002
Serviços – Como construir valor para o cliente, Marcos Cobra, 2005

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